Warren Buffet é o investidor mais famoso do mundo. As horas de leitura e de YouTube dedicadas a dissecar as estratégias do Oráculo de Omaha provavelmente seriam suficientes para descobrir a cura do câncer. Jornalistas e influenciadores de finanças gastam horas e horas falando sobre suas aquisições recentes, quais empresas ele pode estar pensando em vender, ou tentando descrever seus princípios de investimento.
Acadêmicos estudam as características de sua carteira de ações para tentar explicar o porquê de seu estrondoso sucesso — spoiler: décadas de paciência são um dos principais fatores de sucesso. Os consumidores deste conteúdo até conseguem algumas respostas, mas, acima de tudo, isso é entretenimento puro. Uma distração que parece útil, mas — conforme-se — só há um Warren Buffett.
Se valorizassem tanto assim o que Buffet pensa, não seria melhor seguir seu conselho mais frequente sobre investimentos? Ele já disse várias vezes, em público, seu conselho para os investidores: compre fundos indexados de baixo custo periodicamente. Pronto, é isso e depois ir cuidar da vida. No entanto, em especial no Brasil, poucos investidores seguem este conselho, talvez por seu aspecto “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Penso que isso seja apenas parte da explicação. Há uma dificuldade importante em seguir essa estratégia: você precisa aceitar que não é acima da média e que, portanto, deve ser contentar com a média. Primeiro, há um aspecto prático: talvez você não tenha certeza de que a média seja suficiente para seus objetivos de vida. Bem, uma pesquisa na internet, ou uma conversa com um planejador financeiro poderiam esclarecer sua dúvida. Seria fácil resolver isso, então não creio que essa seja a principal explicação.
Depois de entender que a média provavelmente é suficiente — e na maioria dos casos, até melhor do que os resultados dos gestores profissionais — você vai ter que abrir de mão de ter a chance de ser extraordinário, de bater o mercado, de ser o cunhado que sabe investir, de ser a prima bem sucedida e de comentar com os amigos suas ideias geniais.
Pelo contrário, talvez, um dia, seu amigo vá te perguntar qual ação você está comprando agora e você terá que responder: sei lá, eu só compro índice. Ele vai te olhar, um pouco decepcionado, talvez irritado com sua falta de ambição de enriquecer rápido, possivelmente te achando ingênuo. Você pode explicar para ele que segue uma estratégia boa o suficiente para seus objetivos, mas eventualmente, ele até se sinta traído. Vocês costumavam trocar palpites, e ele te dirá: “Não é boa o suficiente para você! Você é genial, tem que bater o mercado.”
Neste momento, sua disciplina será testada. A tentação de acreditar naquilo será grande. Você irá se perguntar se deveria ter mais ambição e se ganhar mais dinheiro mais rápido te ajudaria a fugir dos seus problemas: um chefe chato, uma profissão tediosa, uma casa menor do que você gostaria, férias sem ir para a Europa. Você vai querer se juntar ao seu amigo de novo e viver à altura das expectativas dele, voltar a ter assunto na roda de amigos.
Mas e se uma estratégia boa — e confiável — o suficiente te desse a segurança de que, como Buffett, você não precisa ter pressa? Ele investiu durante 45 anos, dedicando a maior parte de seu tempo acordado a isso, até chegar ao seu primeiro bilhão. Talvez faça mais sentido seguir os conselhos do Oráculo e investir de forma simples. O tempo que você economizar pode dedicar a construir uma vida da qual você não queira fugir.